quarta-feira, 16 de março de 2011

Homilia do 9º Domingo do Tempo Comum

Homilia do 9º Domingo do Tempo Comum

Aos nossos habituais leitores advertimos que o texto que segue, na verdade, foi composto para substituir a homilia original, apresentando brevemente as principais idéias, visto que a gravação se perdeu.


Jesus afirma que quem ouve sua palavra e a põe em prática é como quem constrói sobre a rocha; e quem a ouve e não a põe em prática, é como quem constrói sobre a areia. Em ambos os casos vem à tempestade, a chuva, os ventos, as enchentes. Mas no primeiro caso a casa resiste e no segundo “grande é sua ruína”.
Notemos, primeiro que não está em questão aquele que, sem culpa própria, ignora o Evangelho. Nos dois casos é pré-requisito ter ouvido a Palavra.
Notemos ainda que as intempéries, símbolo das dificuldades e sofrimentos, se abatem indistintamente sobre os que constroem sua vida (=casa) sobre o Evangelho e os que não o fazem. Servir a Cristo e segui-lo, portanto, não é garantia de isenção dos problemas que afetam toda a humanidade. Estamos longe daquela religiosidade tosca e primitiva segundo a qual os males só se abatem sobre os maus e os amigos de Deus estariam isentos dos mesmos.
Contudo, a grande diferença é o resultado final: quem constrói sobre a rocha resiste. Passa a tempestade e ele continua de pé, vitorioso.
A rocha é um símbolo bíblico tradicional para a imutabilidade (=fidelidade) divina no meio da mutabilidade de todas as coisas. Esta mutabilidade é representada pela areia. Só Deus é Rocha firme, como cantam tantos Salmos, inabalável no meio das vagas do mar bravio da história ou no meio das dunas mutáveis deste mundo.
Construir sobre qualquer coisa, pessoa ou afeto que não seja Deus mesmo, é construir sobre areia movediça ou sobre as ondas. E quando estes frágeis fundamentos caem, cai toda a construção de uma vida; cai sobre a cabeça de seu construtor...
É, no fundo, a mesma temática da leitura do Dt (Deuteronômio), temática, aliás, igualmente clássica na S. Escritura – os dois caminhos: “Eis que ponho diante de vós a bênção e a maldição. A bênção se obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus (...) a maldição, se desobedecerdes...”. No entanto, a forma sob a qual o Evangelho nos apresentava esta temática tem um grande mérito: o de evidenciar que bênção e maldição não são acrescentadas por Deus ab extrínseco (de fora), como retribuição, recompensa ou castigo. Não. Se a casa permanece de pé ou se ela cai, não é porque Deus a sustente artificialmente ou a derrube; mas é em conseqüência da escolha de quem construiu de um modo ou de outro. Bênção e maldição são frutos já contidos respectivamente nas sementes da obediência e da desobediência.
Mas, finalmente, para que nem o fiel, que constrói sua vida sobre o Evangelho, se ensoberbeça atribuindo a si o mérito de sua própria fidelidade e salvação, vale recordar o que nos dizia o Apóstolo: “Somos justificados gratuitamente, pela graça de Deus, em virtude da redenção em Cristo Jesus”, cabendo, pois, a Jesus, antes que a nós, o mérito de nossa “virtude” e fidelidade.

Liturgia da Palavra

Primeira Leitura: Livro do Deuteronômio (Dt 11,18-28.32

Salmo: {Sl 30(31)]

Segunda Leitura: Carta de São Paulo aos Romanos: (Rm 3,21-25ª.28)

Evangelho: João ((Jo 15,5)

Redigida pelo padre Sérgio Muniz em 6/3/2011.

Nota: Esta e outras Homilias anteriores no blog: www.verbumvitae.com

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