Transcrição da Homilia (extraordinária) do 32º domingo do Tempo Comum
Celebramos hoje a multidão que vestida de branco e de pé diante do trono do cordeiro, trás nas mãos as palmas da vitória, pois que tendo passado pela grande tribulação lavaram suas vestes no sangue do cordeiro. São os santos conhecidos e anônimos, aqueles que alimentando-se da visão gloriosa da face do Senhor, são por essa luz transfigurados; a essa porção da Igreja que já habita o Céu, chamamos de Igreja Triunfante.
Há poucos dias, lembrávamos nossos falecidos e por eles oferecíamos preces e o santo sacrifício da Missa. Aqueles que partiram desta vida já totalmente purificados, entram na visão da face, mas os que embora morrendo na graça divina tiverem necessidade de alguma purificação devem esperar até que esteja concluída, são a Igreja Padecente que pode benefeciar-se da oração dos vivos; o estado de purificação passiva em que se encontram é o purgatório.
E nós aqui na terra constituímos o povo em marcha para o Céu que milita sobre o estandarte da cruz contra as forças das trevas e a serviço do Reino, somos a Igreja Militante, ajudados pelas preces da Igreja Triunfante, por seus exemplos buscamos chegar aonde chegaram, passando por onde passaram.
E por onde passaram? Pela grande tribulação.
Por onde passaram? Pela pobreza de espírito, pela aflição, pela mansidão, pela fome e sede de justiça, pela prática da misericórdia, pela pureza de coração, pela promoção da paz, pela perseguição por causa da justiça, pelas injúrias e perseguições por causa de Cristo.
Diz a Escritura que todos somos chamados à santidade: sede santos porque eu sou santo, diz o Senhor e o apóstolo Paulo frequentemente chama santos os simplesmente cristãos a quem endereça às suas cartas.
Santo em sua origem significa separado, aqui no caso, separado para Deus para seu serviço; é sinônimo de consagrado.
A santidade se diz então em dois sentidos: designa a consagração objetiva de uma coisa ou pessoa a Deus (esse é o primeiro sentido), é sinônimo de sacralidade. Nesse sentido todo batizado é santo, ou seja, consagrado ao Senhor, mas santidade (diz-se também num segundo sentido) designa a correspondência da vida, do procedimento à consagração do próprio ser.
Esta é a santidade subjetiva para a qual devemos tender, fazendo com que nosso agir corresponda ao nosso ser.
O que é o pecado senão a falta de correspondência entre o que somos e o que fazemos. É o contraste entre a santidade objetiva do nosso estado de filhos de Deus e nosso procedimento.
Devemos, pois buscar essa correspondência segundo a frase do grande papa São Leão Magno: cristão torna-te aquilo que és.
O caminho para isso não é fazer coisas extraordinárias, mas fazer extraordinariamente bem, coisas simples, ordinárias. Elevar a rotina a serviço de amor à glória de Deus ; é torná-la extraordinária pela fé, no amor; torná-la extraordinária pela nossa comunhão com Cristo.
Nossa união com Ele iniciada no Batismo, alimentada na Eucaristia é que dá valores de salvação eterna aos menores atos cumpridos por amor a Deus, na fé. E vamos, pois ao caminho que Deus nos deu sempre em comunhão com o Senhor Jesus. Façamos de toda nossa vida um serviço à sua glória. Ofereçamos ao Pai, por meio dele todas as coisas e, sobretudo aproximemo-nos com frequência da fonte da misericórdia o coração de Cristo aberto na cruz donde jorra para nós uma torrente de salvação: o sangue do cordeiro.
Sim, aproximemo-nos para sermos purificados, alvejados pelo sangue de Cristo, na oração, na leitura e escuta devota da palavra, na digna recepção da Eucaristia e, sobretudo no sacramento da penitência, instituído por Jesus, para restituir ao esplendor batismal, a veste de nossas almas manchadas pelo pecado.
Assim, caminhando em tudo por Cristo, com Cristo e em Cristo daremos ao pai toda honra e toda a glória e chegaremos a ser plenamente o que já começamos a ser: cristão torna-te aquilo que és.
Redigida pelo padre Sergio Muniz em 21/11/2010
LITURGIA DA PALAVRA
Primeira Leitura: Livro do Apocalipse de São João (Ap 7,2-4.9-14)
Salmo: [23(24)]
Segunda Leitura: Primeira carta de São João (1 Jo 3,1-3)
Evangelho: Mateus ( Mt 5,1-12a)
Nenhum comentário:
Postar um comentário